Vivemos em um mundo onde, independentemente do que façamos, sempre haverá alguém para apontar um dedo, lançar um olhar enviesado ou emitir um julgamento precipitado. É quase como se a sociedade tivesse uma cartilha invisível para criticar cada passo que damos, não importa qual direção escolhemos. É justamente sobre essa cartilha, sobre esses julgamentos que convido você minha querida leitora, meu caro leitor, a refletir comigo hoje. Posso contar com sua companhia? Que bom, então vamos lá.
Se você é determinado, pode ser visto como ganancioso. Se for desapegado, logo será chamado de preguiçoso. Se decidir estudar com afinco, ganha o rótulo de “nerd antissocial”, se prefere não estudar, é tachado de ignorante. Trabalha muito? É explorado pelo próprio e pacifico. Trabalha pouco? É visto como acomodado. Se falar bastante, é inconveniente. Se falar pouco, é antipático. A lista é interminável. Essa teia de críticas revela algo profundo: não é possível agradar a todos e, na verdade, nem deveríamos tentar. O problema é que, muitas vezes, acabamos adaptando nosso ritmo para evitar esses julgamentos. Diminuímos o passo para não parecer arrogantes. Aceleramos demais para provar que não somos preguiçosos. E assim nos afastamos de quem realmente somos.
A vida é um percurso. Alguns correm, outros caminham devagar, outros param e recomeçam. Não existe fórmula única para avançar, mas existe uma verdade universal: quem para por causa da opinião alheia, perde a chance de viver a própria história. É como se deixássemos o volante da nossa vida nas mãos de quem nunca viveu as curvas que enfrentamos. Exemplos do cotidiano mostram como isso é constante. O amigo que abre um negócio e ouve que “vai quebrar em seis meses”. A mulher que decide não ter filhos e é taxada de “egoísta”. O homem que decide mudar de carreira aos 40 e escuta que “perdeu tempo”. O jovem que prefere ficar em casa num sábado à noite e recebe olhares de reprovação. Todas essas situações têm algo em comum: são escolhas individuais julgadas por parâmetros coletivos.
Do ponto de vista filosófico, isso dialoga com o pensamento de que a autenticidade só é possível quando rompemos com a tirania da aprovação social. Nietzsche já falava sobre o “espírito livre” sendo esse aquele que, ao invés de viver pelas regras impostas, cria seus próprios valores. E isso exige coragem, porque caminhar no próprio ritmo implica enfrentar críticas inevitáveis. Na psicanálise, Freud nos lembra de que o “Superego” (a instância psíquica que internaliza as normas e valores sociais) muitas vezes funciona como um juiz interno implacável. Ele se alimenta não apenas das regras que aprendemos na infância, mas também das expectativas que a sociedade reforça. É por isso que, mesmo sozinhos, podemos sentir culpa ou vergonha por agir de determinada forma, como se a plateia invisível estivesse sempre assistindo. A libertação começa quando percebemos que esse “juiz interno” pode ser questionado. Não se trata de ignorar totalmente a opinião dos outros, mas de filtrar o que realmente contribui para nosso crescimento.
Caminhar no seu ritmo não significa ser lento nem rápido demais, significa ser coerente com o que você é hoje e com o que deseja se tornar amanhã. Significa aceitar que críticas virão, esteja você na frente ou atrás de alguém. Significa entender que a vida não é uma corrida de 100 metros, mas uma maratona única, com paisagens que só você verá. Então, da próxima vez que alguém tentar ajustar a velocidade da sua jornada com base em julgamentos superficiais, lembre-se: quem critica sempre encontrará um motivo, seja você veloz ou vagaroso. Mas quem caminha com autenticidade constrói um caminho que nenhum rótulo é capaz de definir. Afinal, o ritmo certo é aquele que permite que você siga em frente, sempre, sem perder sua identidade.